11/12/2013

Sonho de uma prostituta desempregada

Hoje eu acordei com uma vontade louca de ser só minha, para te pertencer da forma mais profana possível.
Senti vontade de estar nos seus sonhos eróticos e nos seus pensamentos mais doces.
Desejei tocar seu coração e lamber seu corpo nu.
Quis invadir a sua alma e te chupar como uma vadia esfomeada pelo prazer que me proporciona.

Eu só quero deslizar a minha língua em seu corpo e sentir o seu sabor.
Desejo saciar suas vontades e dar pra você a sensação de comando e superioridade.

Dar pra você.

Quero morder a sua doce carne, deixar marcas vermelhas no seu pescoço, marcar minhas unhas afiadas em suas costas.

Eu quero você, em cima, embaixo, de lado, de pé.
Quero te sentir dentro de mim. De todas as formas existentes.

Quero te fazer gozar felicidade e prazer.
Quero te fazer vaidoso e um mal acostumado com tanto luxo.

Eu quero ser um sonho materializado, na sua cama, no seu sofá, no seu mundo cheio e na sua vida vazia.

Eu vou ser a sua garota de programa que não cobra pelo serviço, e se você deixar, farei boquetes no seu pau e na sua alma todos os dias.


10/12/2013

Masturbador de ego

Ela agacha como quem se prepara para rezar, era uma terça feira de manhã, e lá fora a placa iluminada indica a localização.

Ele puxa seus cabelos para trás, lambe sua boca, cheira e depois empurra sua cabeça para baixo, ela atende seu pedido sem ser cobrada por isto.

Ambos imploram pela eternidade do momento, mesmo sabendo quão efêmero será.

Depois de molhar tudo, ela se ergue no colo dele, que em pé ao lado do espelho grande que há no quarto, se apoia com as costas, enquanto ela faz suar o espelho ao segurar com as mãos no mesmo, suas pernas trançam a virilha e costas dele que em um esforço grande, porém, que vale a pena realiza movimentos que impulsionam o prazer. Ele se cansa e a atira sobre a cama redonda com os lençóis vermelhos, vermelhas são as unhas, os lábios, o sangue, a dor e o sexo.

Ela geme (fiticiamente) como já fez muitas outras vezes, simula prazer, finge que está delirando pelo momento, ele se vê satisfeito e após o gozo vai até o chuveiro tomar uma ducha, ela diz que tem pressa e precisa ir ao trabalho, ele insiste para que ela fique, desliga o chuveiro, se enxuga, se veste e a acompanha até o metrô. Pede para que voltem a se ver, ela sorri amarelo, promete ligar, se despede com um beijo vazio com gosto de café frio e pega o metrô sentido Butantã (enquanto pensa "ligar para ele? -jamais").



06/12/2013

Experiência de uma quinta feira chuvosa

O lençol negro os envolve num manto de prazer e perdição, se entregam ao corpo que os cobre de perversão em um instante dolorido e cheio de sensações. Suas mãos se tocam quase que ao mesmo tempo, ele a sente arranhar, tocar seu interior como quem invade sua alma e chupa seu pau delicioso e divino.

Os cheiros rodeiam o momento absurdo fadado ao descobrimento de um paraíso mundano, esfregam-se como em tango sobre a cama úmida de suor e porra. Ele omite sons que revelam sua saciedade e o nível do encanto interpela a experimentação de um abismo desejado por ambos. Se jogam no fundo do gozo e permitem-se usurpar as frustrações com o apoio deste ecstase inesquecível.

O antro do sexo é uma masmorra que os condena ao gosto doce e amargo de seus órgãos genitais em contrapartida ao anseio pelo amor correspondido.

Línguas correm o corpo moreno deste menino homem, ela se deixa deslizar e escorrer sua saliva que faz um efeito lubrificante e sujo intensificar o prazer compartilhado.

Lá fora chove, chora e inunda seu espirito de solidão, cá dentro a explosão cósmica de suas estratégias de envolvimento material preenchem todo o seu ser de esperma e satisfação à vaidade.

Ela sente as pernas tremerem, sente o corpo pesar e num instante majestoso, quase mágico, sente espirrar em sua bunda e costas, a conclusão de sua dança mistica que o inebriou ao encantamento menos puro já provado pelos estranhos que visitantes um do outro se tornam íntimos da dor e do clamor de suas almas abandonadas ao leo.

04/12/2013

Carta a um amor que nunca amou

Se ele soubesse que meu coração vivia acelerado pelo calor das lembranças juntos.
Se ele soubesse que eu desviava olhares na rua pensando no amor que era propriedade dele.
Se ele soubesse das tantas noites em claro rememorando cada beijo, cada toque, cada gesto.
Se ele soubesse que cada sabor provado sem ele, me trazia a lembrança que eu pretendia provar num futuro em sua companhia.
Se ele soubesse que outros beijos nunca voltariam a tocar meus lábios, que outras mãos jamais sentiriam meu corpo e meus pensamentos eram povoados pelo seu ser.
Se ele soubesse que eu planejava fugir com ele nos braços para um mundo justo, verdadeiro, cheio de carinhos, prazeres e chamegos eternos.
Se ele soubesse que era meu maior tesouro e eu jamais iria embora, sob quaisquer hipóteses.
Se ele soubesse que depois dele aparecer todo o resto perdeu a graça.
Se ele soubesse das oportunidades que tive de partir, no entanto, parti para a eternidade com ele.
Se ele soubesse que músicas, cheiros, cores. Tudo me fazia pensar nele.
Se ele soubesse que depois que apareceu na minha vida, meu maior sonho era fazer dele o homem mais feliz do mundo, com direito a dengo, boquetes, orgias, pratos especiais, banho de espuma, café na cama, jantares por minha conta, lingeries de sua preferência e parceria até em dias de guerra.

(...)
Se ele soubesse que eu desejava mais a sua felicidade do que a minha.
Se ele soubesse que todos os outros foram ofuscados pelo brilho da sua existência.
Se ele soubesse que eu queria ser o melhor possível para merecer tanto amor e fazer essa vida dele, cheia de traumas e complexos valer a pena.


Se ele soubesse quem eu sou, o que eu sinto e o tamanho da minha força...
Mas ele não sabe.

E, talvez, eu, também não saiba que amor só de um lado pesa muito pra quem sente e esvazia mais ainda quem nunca sentiu.

Se ele soubesse que acordei disposta a seguir.
Se ele soubesse que decidi esquecer.
Se ele soubesse que tudo que não sabia, e que tanto queria, hoje já não quero mais.

É, melhor continuar sem saber.

Deve doer perder a oportunidade única de ser feliz.
Deve doer não conseguir amar quem te ama com a alma.

Deve doer estar sozinho, mesmo com outra de quatro na sua frente.
Deve doer não sentir dor.

Augusto, eu te entendo

Quisera eu ter previsto/escrito os Versos Íntimos de Augusto dos Anjos.

01/12/2013

Carta de um suicida

Nem sei se uma carta com tal conteúdo faria alguma diferença no ato em si, mas todo mundo se já pensou em suicidar, deve ter planejado por dignidade escrever uma carta à altura da sua existência interrompida.

O coração apertado, a respiração pesada e a escuridão iluminando os dias de faz de conta que sou feliz. Acordar durante a madrugada pensando nas frustrações de ter nascido e pegar no sono por causa do peso que estes pensamentos trazem à cabeça.

Caminhar nas estações de trem observando sorrisos vazios e olhares atormentados faz pensar em quão desperdiçante é a vida.

Viver é perder tempo, é conduzir a alma a um rumo vago e cheio de perdas. Vive-se só para isto, perder e nada mais.
Vive-se acomodado com a falsa promessa de que um dia se será plenamente feliz. 

Lasciate Ogni Speranza.

Os outros parecem felizes, mas não o são, fingem o tempo todo, sorriem por mera convenção social. Todos carregam em si a penumbra da existência. Essa doença incurável que asfixia os dias até carregar-nos no braço forte da morte para viver intensamente a paz eterna. 

Viver? - é uma dádiva fatal (já disse o poeta).

Mais saudável meter uma corda no pescoço e chutar o banco abaixo dos pés.
Mais vitorioso engolir doses exageradas de comprimidos letais.
Mais digno se fechar num comodo e inalar gás.
Mais justo é cortar os pulsos na vertical.

Passamos nesta vida por uma correnteza de tristeza, perdemos entes queridos, perdemos amores, perdemos esperança, dinheiro, saúde, amigos... e por fim, tragicamente, nos perdemos de nós mesmos, pois para sermos reconhecidos devemos nos adaptar à essa sociedade nojenta e agonizante. 

Para viver plenamente é preciso se deixar morrer diariamente. 

E os outros?
estes que balbuciam "eu te amo" em nosso encontro, não passam de mera platéia, expectadores de nossa morte, anseiam o dia em que nos verá rodeados de flores e velas em um caixão de falsa madeira, quando, finalmente, poderão, por remorso entregar-nos as flores que quando ainda vivos nunca nos ofereceram.

Neste dia, chorarão por não ter nos enchido de preces, lágrimas e pedidos de "fica" ou "volta, por favor", porque a perda eterna desperta beleza, poesia e mistério ao amor enterrado em vida.

Para amar eternamente é necessário observar o objeto amado entre quatro velas, ou visitar uma lápide abandonada até por urubus num vazio e cinza cemitério.

Se ainda tem os que ama por perto, dê lhes flores, chocolates, doces palavras e amor, o amanhã é o adeus, o fim vertiginoso da inexistência chacoalhando pensamentos egoístas que após o partir eterno serão obrigados a amar a fraude que foi a vida.