22/10/2014

Sobre quase a única vez

O vapor da água quente que caia do chuveiro, fazia o box do banheiro suar, as suas mãos marcavam o vidro como um gemido de prazer, ela, apoiada com os dois pés, que circundavam a cintura e virilha dele, ia e voltava, subia e descia, enquanto ele, que tinha uma pena tatuada em sua mão, apertava a bunda dela, manchando sua pele branca em tom rosa claro.

Enquanto embaixo os movimentos eram de vem e vai, de desce e sobe, lá em cima, ele lambia o rosto e pescoço dela, e passava, às vezes, a língua na orelha, segurava firme sua bunda e, quando o vulcão estava prestes a entrar em erupção, ele, delicadamente, deitou-a no chão e mergulhou com força naquele mar, explodiram juntos, e ela, soube que a onda forte tinha passado quando sentiu aquele pau duro amolecer e a camisinha se soltar lá dentro.

Restando o molhado da água do chuveiro, do suor, do perfume e de seu pênis, latejante por mais buceta.



23/09/2014

Amar gar

O amor é um misto de doce e azedo, amarga no peito e floresce na alma.
O ciume destrói tudo, a vaidade faz sangrar, mas o afeto, esse brota até em concreto.

O sorriso do outro é um farol, te guia na escuridão, mas também te cega quando faz sol.

Você acorda leve e deita pesado, amar demais pesa, mas também eleva seu espirito.

Uma palavra áspera te corta ao meio, isso porque quando quem a gente ama não nos oferta o carinho de sempre, o mimo esperado, a gente pensa que algo vai mal.

Mas basta reler a mensagem de texto do dia anterior, para encher o coração de cor.
Aí você ri e fala sozinho sobre quão sortudo é, por ter sido escolhido pelo amor.

Mas o medo também é inquilino, e você se corrói por dentro só de imaginar o outro partindo.

Sem perceber faz o outro partir. O medo afasta.
Amar é um ato de coragem.
É engolir sapos, flores, insetos, espinhos.

Amar é ser nós ao invés de eu, e ser eu para ser nós.
Amar é se amar para amar o outro, e às vezes deixar de se amar um pouquinho por não estar preparado.

É dividir o tablete de chocolate, o copo de cerveja, a cama de solteiro, os sonhos. as fraquezas, as bobeiras, é se dividir em dois.

Amar é aceitar que o outro ama outros e não poder sentir ciume.
Amar, de verdade, é perdoar-si sempre pelos deslizes e pelas falhas.

É saber que acaba, mas que começa tudo de novo sempre que os dois acreditam no amanhã.

E mesmo que os dois encontrem outros dois, amar é estar feliz por dividir o amor sem egoismo e aceitar que o outro seguiu sem você, mas carrega em si muito do que você doou, e há de enfeitar os dias de amores que ainda virão.

E que venham novas paixões, ou venham nossos filhos, se forem fruto do amor, vou ter cumprido a minha missão.




26/08/2014

Tudo que ainda pode ser

Um dia tive um pai, que vivia dizendo que queria viver sua própria vida, viveu tanto que morreu doente em corpo e alma;
Um dia tive um namorado que vivia dizendo sobre o quanto preferia estar só, ele chorou quando quis partir, e hoje é tão sozinho que se queixou comigo do peso do vazio de não ter ninguém;
Um dia tive uma grande amiga que, dizia que nossa amizade seria para sempre, hoje ela passa por mim e finge não me conhecer;
Um dia tive um irmão, eu me queixava da sua presença irritante e de suas brincadeiras insistentes que maquiavam o amor dele por mim, hoje mal me dirige alguma palavra, e sinto saudade de como eu odiava tê-lo por perto;
Um dia tive uma irmã quase siamesa, fazíamos tudo juntas, e eu queria um quarto só para mim, hoje, sinto falta de dividir meu quarto vazio com ela;
Um dia tive várias ambições, mudar o mundo, revolucionar, ser diferente, lutar pelos mais fracos, hoje reconheço minha fraqueza e luto pra vencer a mim mesma nos momentos de pensamentos tristes;
Um dia tive uma família completa, que brigava por lugar no sofá, controle-remoto, última fatia de lasanha, hoje sobram últimas fatias, espaços no sofá e a televisão vive desligada;
Um dia todos me cumprimentavam e me conheciam, hoje sou uma estranha no ninho;
Um dia as músicas me acompanhavam em todos os momentos, hoje são parte das minhas lembranças;
Um dia sonhei em me formar na faculdade, me formei ano passado e não fui sequer à colação de grau, não tinha ninguém pra me abraçar na hora que recebesse o canudo simbólico do diploma;
Um dia escrevi muitos poemas, hoje releio tudo escrito, e reconheço com um quase nó na garganta, o quanto eu era feliz em excesso e o muito que não valorizei se foi, hoje, temo tanto não valorizar o que tenho, que antecipo a tristeza e a solidão que não vou suportar viver. E bate à minha porta um medo imenso de "tudo que ainda pode ser".

06/05/2014

Sobre uma partida

...a gente se observa, como quem não sabe se pode querer, e sem dizer uma palavra, a gente se enxerga sem ver, sem perceber que somos o nosso lugar.

Vejo o fundo dos seus olhos, seus medos, dúvidas e incertezas e percebo como você é desprotegido, cheio de ilusões e questionamentos. Você me olha e se pergunta: será que ela é a minha melhor opção?

Você quer experimentar outros sabores, outros amores e outras paixões. Você queria me congelar enquanto você prova outros gostos.

Mas o mundo não pode parar por mero capricho seu. E meus sentimentos vivem aqui dentro, como chama que chega a queimar minha triste alma. Você quer ter certeza que não existe ninguém melhor que eu, e se embriaga nas ilusões dos rótulos, dos batons vermelhos e de esmaltes que sensualizam seus dias. Podem sim existir outros cheiros melhores que o meu, mas nunca haverão beijos mais transcendentais que os nossos.

Você pode viajar o mundo todo, frequentar as festas mais badaladas e os bares mais agitados do planeta terra, de Júpiter, vênus e marte, mas é o meu colo que te consola, são meus dedos que tocam seu espirito com amor e meu olhar que te invade com alento.

Ele chegou, revirou meus dias, embaraçou meus cabelos, me encantou com seus dengos, me conquistou com sua ingenuidade e partiu. Partiu por não estar preparado para ser plenamente feliz, partiu por não suportar ser amado tal qual um Deus, partiu por não suportar a ideia de ser único na vida da mulher que, por ele, enfrentaria as mais perigosas batalhas.

Se eu pudesse lhe dizer tudo que guardo aqui dentro, cada frustração, arrependimento, sonho e esperança. Quisera eu ser um sábio, quisera eu ter minha filosofia por ele apreciada. Lhe diria que o futuro é incerto, mas que ao meu lado sua segurança seria certeza, eu lhe contaria que meu desejo é ser seu desejo e que o desejaria infinitamente, fecharia minhas portas para outros desejos e encheria seus dias de dádiva e prazer. Eu lhe diria que ele há de envelhecer, que seus amigos casarão, morrerão ou dirão adeus quando ele mais necessitado estiver, mas que eu, seria jovem eternamente com a força do meu amor, permaneceria ao seu lado, doce, cheirosa, carinhosa e maliciosa para satisfazer suas necessidades espirituais e mundanas.

Te contaria meus sonhos, e juntos os realizaríamos.

Confessaria que depois de sua aparição, minha maior aspiração é: uma casa pequena, boas energias, flores perfumadas no jardim e nossas crianças brincando no quintal.

Mas se ele partiu, devo ficar, manter-me presente em mim mesma.

Quando ele chegar aos seus 80 anos, há de se recordar, que eu, só queria ter minha cadeira de balanço ao lado da sua cadeira de balanço, nossos dedos entrelaçados e beijar sua testa, ser sua paz num dia de domingo. Como neste domingo, onde me alojo nesta solidão para não abandonar a mim mesma, embalada nas ilusões de outros esconderijos, só quero me guardar dentro do único por quem sinto amor.

(no final de 2013)

Sobre um assalariado

Em casas de colonial, os senhores de engenho contemporâneos escravizam seus sonhos e chicoteiam sua esperança com cordas psicológicas. Eles não têm tinta na caneta pena para assinar lei áurea, não suportam mais viver de escambo e autoflagelar a liberdade.

São de todas as cores, feridas e senzalas sem forma

São dos dois gêneros. Na escravidão do século XXI o conviver em sociedade é a maior prisão existente. Os salários são as correntes. Liberdade e prisão separadas por uma fina linha imaginária.

Eu me visualizo no espelho e vejo outras mulheres, as que a mídia vende.
Eu mudo de canal e vejo um outro monstro a engolir meus sonhos, sonhos? nem Aurélio sabe significar.

E nos camburões do dia-a-dia, me transportam para a senzala, enquanto meus olhos lacrimejam de saudade da minha mãe Africa que nunca teve liberdade para me amamentar.

Vou rasgar essas vestes e cortar meus pulsos, quem sabe noutra vida eu nasça no berçário que reside minha raça, minha paz, minha verdadeira alma.

Sobre o ser

O mundo vai seguindo enquanto eu parei.

Paralisada em minhas dúvidas, me perguntei se tenho razão ou emoção para assim ser.

Eles cobram notas, autógrafos, portfólios, prêmios, cartazes, gritos e molotov.

Eu alimento um blog à base de migalhas.

Eu me alimento de frustrações, sei que este mundo enfermo não oferece ar puro nem espaço para ser sonhador.

E os cadernos amarelados e seus textos? -Não fazem mais sentido em meus dias.

Nomes famosos, discos clássicos e eu coro sempre que confundo um sobrenome ou determinado álbum que todos conhecem.

Os adjetivos têm significado ambíguo, quase cacofônico em meu discurso falho.

Me graduei em uma universidade pública com mensalidade inferior a um salário mínimo, não sei escrever sobre nada que não seja eu, não tenho ritmo para cantar, não sei desenhar nada além de uma nuvem e o mundo acha pouco, é pouco. 

Não me interesso por arte, nem cinema, nem teatro, nem música.
Gosto de brigadeiros, barba por fazer, rimas fracas, sexo e cores.

Eu nasci na linha da pobreza do conhecimento, meu intelecto limitado me exclui de qualquer grupo seleto, eu não sei me enturmar, nem sorrir, nem tentar me aproximar.

Meu preconceito é o fiasco da minha não inteligencia, gente interessante me causa ojeriza.

"Como me tornei estúpido, ou não?"

Fernando, Alvaro, Alvares, Edgar, Carlos, Augusto, Charles, etc etc.

Nomes toscos da humanidade, escreveram asneiras que de nada serviram, e nas universidades lecionam essas bostas e fazem aqueles que não veem graça se sentirem lixos.

E o curioso é que, todos estes nomes só recebem reconhecimento quando, finalmente, têm seus nomes escritos em lápides de concreto.

Mundo ridículo, livros e mais livros. E a alma implora por silêncio na base do grito. 




03/04/2014

Febril para sempre

Eu reclamo da altura do cabelo e ele diz que gosta assim; eu questiono suas amizades femininas e ele sorri zombando do meu ciume; eu brigo quando ele bebe demais e ele faz bico; eu fico chateada com um simples não "curtir" dele nos meus posts de redes sociais e ele acha que é exagero; eu peço pra ele falar que me ama toda hora e ele fala; eu pergunto sobre seu dia e sobre quantas mulheres mais interessantes que eu podem ter cruzado seu caminho; eu me mordo de ciúmes de imagina-lo sozinho em um bar ou balada; mas ele quer tanto ser livre, e também me quer pra ele, e eu não me importo desde que ele seja meu; desde que me beije, me lamba, me morda, me agarre e me coma.

Ele acha que sou controladora e eu tenho certeza disso. Ele acha que todos os homens do mundo me desejam, ele exagera. Ele pensa que quero dar para outros, ele se engana. Ele acredita mas desacredita no que eu sinto, se ele soubesse o tamanho disso tudo, dormiria tranquilamente todas as noites da sua vida e não teria mais pesadelos em que o traio.

E eu suspiro só de lembrar dele comigo, eu sorrio de recordar seus elogios, eu me sinto contemplada por ele ter me escolhido.

Eu reclamo de quase tudo, mas a verdade é que nunca vivi amor mais perfeito que esse, sobre as discussões, deve ser importante um pouco de birra pra não cair na rotina dos dias muito felizes, dai se num dia brigamos, no seguinte eu vou me sentir a mulher mais feliz do mundo ao vê-lo sorrindo, ao sentir o volume na calça e o calor do seu tesão se esfregando em mim.

Ele faz voz de bebê até pra pedir para eu chupa-lo, ele já chorou de ciúmes bobo, ele reclama "sutilmente" das minhas roupas provocantes, e sei que tira meu batom vermelho só pra eu não chamar mais atenção. Ele pira nas minhas calcinhas super pequenas, diz que meu cabelo é moldura do nosso sexo, me gosta por cima com cara de safada, diz que quer me chupar mais vezes e reclama da minha vergonha inexplicável nesse caso.

Ele não bota fé que me faz sentir prazer, mas eu gozo sempre com ele, só com ele, e isso é raro, as mulheres que o digam.

Eu gosto do sabor do pau dele e até dos pelos que engulo sem querer, eu gosto dos seus ombros, das suas mãos invasivas, das suas cuecas samba canção, do seu perfume, da sua sujeira, do seu suor, dos seus medos, complexos, fragilidades.

Ele, se tivesse noção da proporção do meu desejo, fugiria daqui comigo, pra um lugar onde viveríamos um para o outro, só. Mas ele tem planos, eu também, só que meus planos são com ele. Eu escreveria um livro reportagem sobre nós dois, numa pegada gonzo, com direito a muito sexo e alcoolismo. Amores certinhos são um porre. Eu quero ser uma garota de programa para ele, daquelas que manja das pegadas mais podres e faz tudo pelo prazer de um único homem, seria ele.

Mas também quero ser "Amélia", daquelas que leva café na cama, busca no trabalho de surpresa e leva para jantar e depois ao motel; daquelas que engoma as camisas, faz massagens dos pés, prepara pratos especiais para agrada-lo, mantém a casa limpa e perfumada e se mantém sempre depilada com lingeries sensuais e camisolas transparentes, e que ele ao chegar em casa me encontre nua na nossa cama e ganhe um boquete surpresa com direito a gozo dentro da minha boca.

Ahhh, eu quero que ele viva um filme, daqueles com sexo delirante e amor com sabor de fruta mordida, e que ele chore no meu ombro e eu o consiga fazer sorrir depois do desabafo, e que, como hoje, ele me abrace no fim de tudo e proclame "você é maravilhosa, minha mulher".

16/03/2014

Amor e outras drogas

Naquela tarde ela planejava dar para outro qualquer, num ato de remorso reencontrou o ex namorado, que jurava não amar mais, no quarto daquele motel a reconciliação viria em olhares à meia luz e um cochilo em conchinha, e depois daquele sábado eles jamais seriam as mesmas pessoas.

Toda a porra gozada em outros paus perdeu a graça, e o sabor do ex amor alimentava sua alma de desejo e mais saudade.

Todo o gozo anterior teve fim, e os planos de uma vida boemia, banhada a maconha, cerveja e esperma foram abortados no instante que o olhar de desprotegido mirava sua falsa demonstração de frieza.

Ela repensou cada ato sexual e se convenceu que nunca gozou de verdade e como diz o texto no caderno que ele deposita suas poesias "...pois não é de carne o nosso gozo".

Quando todo dia é começo ela sabe que tudo que escreveu em "Não é de Morais mas é meu" se materializa e espiritualiza nos dias gentilmente moldados pelo sábio tempo.



Refazenda

São 5:47 de um domingo - ela levanta de sua cama para ir ao banheiro - na volta vê o computador e decide atualizar seu blog - liga a máquina - matuta um bocado sobre o que escrever - escreve o título "O cheiro do ralo" - primeiro parágrafo "nem cheiro de esgoto, nem..." - ela apaga o trecho e o título - pensa no sábado agradável, nos beijos intensos, na hidromassagem, nas palavras espontaneamente ouvidas - pensa no olhar de criança indefesa que há nele - entende seus medos, complexos, dúvidas - suspira - sorri - agradece pela paz que contempla teu espírito e ilumina sua existência - sente medo, mas passa - sente insegurança, mas passa - sente amor, mas este não há de passar.




13/02/2014

Adeus

Uma reza, um feitiço ou um amor. Só assim para você me esquecer e deixar eu te esquecer.

12/02/2014

Exorcizando meus demônios

Aspirina e um gole de água, de uma vez pra evitar a náusea'
Garganta seca e olhar perdido no nada.

O vento levemente gelado anestesia o escuro do dia que parece noite, e é.

No fone algumas notas sussurram conselhos clichês, muito úteis.

Lembranças são o suficiente pra congestionar a mente. Um amontoado de vontades bloqueadas pela preguiça e pelo medo.
Algemas imaginárias oprimem e libertam na mesma proporção, o preço de ser é temer ser o que é.

O moleque no farol bate no vidro do veículo estacionado ante a faixa durante o sinal vermelho, oferece limpeza e óculos*.

No interior do veículo, o motorista responde mensagens desesperadamente no celular, se irrita e faz um sinal grosseiro para o menino, no outro lado da rua, uma motocicleta, piloto e garupa batem no vidro com força e anunciam assalto, o motorista despenca em suas emoções.

A ROCAM se aproxima e a troca de tiros tem início ensurdecendo o barulho no silêncio dos tiros, o moleque é tomado por um sopetão da vida que nunca pôde viver, e num misto de alívio com frustração se deixa embriagar ao traçar passos de dança clássica com a morte.
A mente humana vive este cenário todos os dias.

Na fome, na tristeza, no individualismo, na perda, na humilhação, no egoismo.

Todos possuímos um "veículo" que nos guia, muita vezes de forma errada.
Um meio de comunicação que nos sufoca e desespera.
Um assaltante que rouba nossa paz ou nossa guerra no momento mais inoportuno.
O mocinho que tenta nos proteger e por fim rouba a essência da nossa inocência matando a criança que existe lá dentro, e que antes da interrupção brusca, corre faróis em troca de trocados e migalhas.




09/02/2014

Rememorável azia que invade o espaço, o acesso à anestesia e o fadado ao fracasso, ele esquece da perda e lamenta com pesar, se invade de certeza com o verbo esperar.

É de medo que se veste, e de fome se alimenta, desespero que conserva sua fé e sua certeza.


Anáfase, Metáfase e telófase


Guarnições de sofrimento apoderam-se do espaço
Celulose do tormento, a metástase do abraço
Sugador e instrumentais, assepsia da ilusão
Seres irracionais apreendem a solidão

No acesso, anfetamina, na partilha, miséria, no pão de cada dia a fome regenera.

Foi saindo como quem nunca soube entrar, foi agindo como quem não tem ciência de disparatar.
Lacrimejando o dia a dia, enxugando a chuva no pé, no galho da guerra fria, arma de fogo é cafuné.

semsentido
semsentido
semsentido
semsentido
semsentido
semsentido

Sendo sem ser enganação, atingiste o orgasmo através do não tesão.

...e o amor foi amputado na gélida artéria, que houveste em descompasso, moradores desta terra. 

Disparaste o fatídico projétil, honorário?
Vislumbrando a sorrateira conquista do indumentário.

Malabarista de braço amputado, médico em abstinência, fratura no funcionário que exerce clarividência. Eufemismo, cacofonia, licença poética, guerra santa, chinês de Pequi, saint exupéry, beatnik, data contemporânea.

sem sentido o não sentir?














24/01/2014

Uma pinta no pulso direito e o peso de todas as dores do mundo nas costas e no coração que, quase não respira mais pelo sufoco do desamor.

04/01/2014

Reencarnei nas asas do pássaro engaiolado

Rodopios inebriantes circundavam os olhares vazios cheios de leveza.
As vestes fraudaram a beleza inexorável daquele espirito revolucionário.

Eles diziam: caminhem!
mas o diziam para aquele paraplégico erguido em sua força interior.

Ele caminhou, e nem a ciência poderia explicar como.
A ciência nunca saberá o por quê.

Lá fora o sol faz derreter nossa derme como gelo que se deixa escorrer sobre a pia na cozinha.
Aqui dentro, aromas rodeiam nosso corpo trazendo memórias até então esquecidas.

E em uma gaiola mal conservada, o pássaro que somos nós, bate suas asas e tenta voar num espaço limitado.

Abriram-na, mas o pássaro não se lembra como voa e manteve-se no chão tentando recordar o que é ser livre.
Ser livre e ser só. Quem o alimentaria todos os dias, senão seu próprio algoz, quem o roubou a liberdade?

A prisão há de nos libertar.
Porque em cárcere aprendemos a voar com as asas da nossa mente, e uma mente que voa supera braços e pernas.

Assim como a doença que faz cair nossos cabelos e nos deixa fracos, ela liberta a nossa alma e nos ensina quão rara é a vida.

Viver é uma oportunidade única de conhecer a morte, reencarnar e voltar para a matéria para cumprir uma missão única: a missão de ser feliz.