16/03/2014

Amor e outras drogas

Naquela tarde ela planejava dar para outro qualquer, num ato de remorso reencontrou o ex namorado, que jurava não amar mais, no quarto daquele motel a reconciliação viria em olhares à meia luz e um cochilo em conchinha, e depois daquele sábado eles jamais seriam as mesmas pessoas.

Toda a porra gozada em outros paus perdeu a graça, e o sabor do ex amor alimentava sua alma de desejo e mais saudade.

Todo o gozo anterior teve fim, e os planos de uma vida boemia, banhada a maconha, cerveja e esperma foram abortados no instante que o olhar de desprotegido mirava sua falsa demonstração de frieza.

Ela repensou cada ato sexual e se convenceu que nunca gozou de verdade e como diz o texto no caderno que ele deposita suas poesias "...pois não é de carne o nosso gozo".

Quando todo dia é começo ela sabe que tudo que escreveu em "Não é de Morais mas é meu" se materializa e espiritualiza nos dias gentilmente moldados pelo sábio tempo.



Refazenda

São 5:47 de um domingo - ela levanta de sua cama para ir ao banheiro - na volta vê o computador e decide atualizar seu blog - liga a máquina - matuta um bocado sobre o que escrever - escreve o título "O cheiro do ralo" - primeiro parágrafo "nem cheiro de esgoto, nem..." - ela apaga o trecho e o título - pensa no sábado agradável, nos beijos intensos, na hidromassagem, nas palavras espontaneamente ouvidas - pensa no olhar de criança indefesa que há nele - entende seus medos, complexos, dúvidas - suspira - sorri - agradece pela paz que contempla teu espírito e ilumina sua existência - sente medo, mas passa - sente insegurança, mas passa - sente amor, mas este não há de passar.