28/04/2015

Como quem fraqueja para vencer

O prédio mais alto da cidade, o vento frio da noite, o céu estrelado e a solidão.
Horas para pensar em si, para pensar em tudo, chorar todas as lágrimas guardadas, rezar todas as preces contidas, lançar todas as maldições podadas.
Medo de tudo, medo de tanto, medo de todos.
Fracasso, traição, mentira, ingratidão, falsidade, abandono. São dores quase físicas. Dói ter certeza que, não é saudável criar tantas expectativas, cada um sonha aquilo que lhe convém, ama o que lhe convém.

Certezas não existem. Só existe a vida, sem manual de instruções, sem garantias, sem segurança, sem contrato registrado em cartório ou assinatura de algum Deus bem foda prometendo felicidade eterna.

Tem que acordar diariamente para, no fim do dia, voltar a dormir.
Chorar as mágoas para sorrir.
Dizer verdades para mentir.
Ser infeliz até se encontrar, naquele curto momento, inesperado e efêmero, que vem e vai num piscar de olhos, quando você se percebe apoiado na pia do banheiro, rosto manchado de rímel, coração na mão, lágrimas de desespero.

E foi.
Este eterno perde e ganha, cai e levanta, bate e apanha.
Dói e cansa, mas se há uma breve esperança, a gente, por teimosia ou arrogância, acredita que como quando eramos crianças, o machucado, o band aid e o merthiolate, se dói demais, pode doer bem mais. E, vai que de repente, nesta dor, um dia a gente encontra nossa paz?