12/02/2014

Exorcizando meus demônios

Aspirina e um gole de água, de uma vez pra evitar a náusea'
Garganta seca e olhar perdido no nada.

O vento levemente gelado anestesia o escuro do dia que parece noite, e é.

No fone algumas notas sussurram conselhos clichês, muito úteis.

Lembranças são o suficiente pra congestionar a mente. Um amontoado de vontades bloqueadas pela preguiça e pelo medo.
Algemas imaginárias oprimem e libertam na mesma proporção, o preço de ser é temer ser o que é.

O moleque no farol bate no vidro do veículo estacionado ante a faixa durante o sinal vermelho, oferece limpeza e óculos*.

No interior do veículo, o motorista responde mensagens desesperadamente no celular, se irrita e faz um sinal grosseiro para o menino, no outro lado da rua, uma motocicleta, piloto e garupa batem no vidro com força e anunciam assalto, o motorista despenca em suas emoções.

A ROCAM se aproxima e a troca de tiros tem início ensurdecendo o barulho no silêncio dos tiros, o moleque é tomado por um sopetão da vida que nunca pôde viver, e num misto de alívio com frustração se deixa embriagar ao traçar passos de dança clássica com a morte.
A mente humana vive este cenário todos os dias.

Na fome, na tristeza, no individualismo, na perda, na humilhação, no egoismo.

Todos possuímos um "veículo" que nos guia, muita vezes de forma errada.
Um meio de comunicação que nos sufoca e desespera.
Um assaltante que rouba nossa paz ou nossa guerra no momento mais inoportuno.
O mocinho que tenta nos proteger e por fim rouba a essência da nossa inocência matando a criança que existe lá dentro, e que antes da interrupção brusca, corre faróis em troca de trocados e migalhas.




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