02/02/2011

Sodoma..

... eu sentia os ponteiros do relógio escorrendo sobre meus passos.
Era como se meus erros e inglórias nascessem na memória que esqueci, enxugava as lágrimas que nunca existiram e sucumbi nas velhas reclamações de sempre; precisava de ar, pra respirar, pra beber, pra sentir.
Liguei o ventilador que temia em não funcionar, do aparelho de som não saiam melodias, e da televisão imagens não havia.

Mas quem sou eu? se não a partícula menos necessária pra esse vagão desgovernado da vida, preciso dos sonhos, preciso do gosto doce dos beijos, preciso dos poemas mais agradáveis, mas ouvi d'algum lugar: - Não existem mais, não mais.

Qual a vantagem em ser quem sou? cuspes, vômitos, gangrena, necrose, anestesia sem efeito, pílulas imagináveis..?
os ponteiros persistem a escorrer, pretendo jogar as velhas peças de roupas fora, pretendo quebrar os cristais, a redoma de vidro, quebrar essa granada que tem no peito.. eu pretendo viver como mereço : morta.



[compreendam, não passa de uma visão literária e afogada no meu lirismo choupo e vilipendiado, quase boneco de ventriloco sem ventriloco]

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