03/06/2012

O masturbador da solidão

Semana passada o sino badalou 3 vezes, foram 3 toques, 2 sorrisos e uma lágrima.
A sala estava cheia, o juri completo, completamente assustador; havia um juiz, um promotor, um advogado de defesa e uma ré.
O cheiro de obsessão invadia o espaço, os passos, as conversas soltas e a luz, incomodo patrocinado para confundir a defesa, para munir o promotor.

Algemas no pulso? -não, somente na alma. As posições, opiniões, o flagrante, pacote completo para tortura psicológica.
Mas chega!
Chega de bater o martelo, chega de legislativo e judiciário.
Um sentimento foi esfaqueado sem dó, facadas à sangue frio, desprezo, indiferença, ausência, mataram-no!

Apelidos doces perderam o sabor, beijos quentes perderem o calor, cobertor, fronha, travesseiro viraram dor.
Outrora sorrisos, outrora chamego, agora as lágrimas parecem brinquedos, parece proposital.

Horas e dias que fizeram crescer dentro. Murchar fora. Cuspir dentro. Trepar fora.
Gozo simulado, choro demorado, sorriso encenado, encanto desencantado.

..e foi assim, que, exatamente, ás 11h11, os vultos invadiram o tribunal, tinham em mãos o prato principal: você  não vai entender.

Doce, doce, doce!
..azedou.

Abraços, caricias, carinho.
Amputaram os braços!

Caminhando pelo corredor da morte, encontrou no vazio a multidão barulhenta e violenta, foi ali mesmo que, ao sorrir sentiu a tristeza mais peçonhenta, e ao chorar, uma felicidade extremamente fraudulenta o impediu de cortar seus pulsos com o imaginário de uma ampulheta.
Ó tempo, porque fizestes todo este nada?
Não responda, não vou acreditar!

Vá, encontre na primeira esquina o músculo do seu prazer, a liberdade que lhe aprisiona e o olhar que o condena. Vista a camisa de vênus furada, deixe a porra jorrar dentro de seu cérebro, inale o cheiro latente de sexo, cândida da vida, lamba, chupe, sugue, estupre, abuse, use, deixe se usar.

Posições dolorosas, anal, oral, mental!
Seja o ator principal, meramente experimental.

Desligue a televisão, tire de circulação o filme pornô que se transformou sua vida real.
..tem batido punheta em seu órgão principal, tem sadomazoquizado o único testemunho racional.

O júri declarou a ré culpada!

Pena: solidão a dois, traição psicológica, e..mais nada. Existe pena mais dolorosa do que amar quem não lhe ama?

(essa não é a minha história, é uma página amarelada que encontrei no porão do descontentamento chamado amor)

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