Nossas vontades já não seguiam mais para o mesmo caminho; os perfumes se tornaram enjoativos; a saliva dos beijos passou a causar-nos nojo; seu cabelo me incomodava, minha voz te irritava. Seu silêncio virou o melhor que podia me oferecer e meus gritos pedindo para ir embora te davam esperança.
Acordar pela manhã sem os seus torpedos parecia um sonho, e para você, chegar em casa e não ouvir o celular tocando com meu nome no visor era um alivio.
O céu nublado, o chão molhado de chuva e o coração vazio.
As lembranças dos nossos momentos viraram memória de algum livro insignificante lido há muito tempo.
As músicas.. só notas musicais com refrões.
Os lugares.. só passagem para algum outro destino mais importante.
Os cheiros.. só mais motivos para uma rinite atacada.
..mas sabe?
no fundo, essa indiferença era um grito de socorro, um sussurro clamando, o silêncio implorando.
A gente pedia para re-existir, a gente pedindo para renascer, pedindo para re-amar, querendo muito re-desejar..
um passado asfixiado que implora pelo re-começo, que sonha com aquilo tudo de volta.. que preencha o coração vazio e faça do cheiro, da música, do lugar a memória de nós dois.
-toca o despertador-
ela acorda suada: "foi só um sonho, pesadelo na verdade" - e no visor do celular vê o torpedo dele, que diz "bom dia minha menina, sinto saudade".
(mas em algum lugar do planeta tudo acontece de verdade, por que alguém esqueceu de regar uma flor ai).
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