29/08/2009

Lembranças da amnésia.

Calculando números que não conheço, escrevi textos com as letras que não sei existir!
Onde estariam minhas memórias, senão em meu esquecimento anestesiado?
ruidos não me fazem lembrar, cheiros, lugares e palavras não fazem me recordar.. nada do hoje, nem do ontem, quanto ao amanhã, sei bem que não virá!
o motor quebrado, o quebra cabeça desmontado, o jornal picotado, as fotos rasgadas, o espelho em pedaços, nada me lembra, tudo não faz lembrar..
como remontar minha história antes do trauma que fez de mim indigente na minha própria vida?
nem me importo, esquecer é o melhor, alívia, aniquila medos, exclue lágrimas, acaba com a saudade, e com as dores das decepções.
é pacificador olhar pra dentro de sí, numa minuciosa reflexão e ver vazio, e nada mais.
acalma, anima não lembrar.
matando a depressão que meus sorrisos tentam esconder, assassinando o silêncio da minha alma, que os gritos fingem conter!

léguas de lugar algum, sozinha em meio a multidão que é meu barato sentimentalismo, minha autópsia, minha despedida longícua, meu inacesso á glória.

Não busquem em meus olhos um brilho de memória, não tentem encontrar nas minhas células o tipo sanguíneo que me fez morta.. pois, onde o reflexo se inverte, onde num livro não se escreve, onde em musica nota musical não procede
a aspiração de vida vegeta como a Vitória régia!
( como num casulo, por ora, apenas lagarta se "carcera")

Nenhum comentário: