25/01/2013

459 anos de amor e ódio

Essa relação de amor e ódio é bem coisa de paulistano legitimo, que nasceu vendo tudo que acontecia na cidade, que se orgulha de morar no lugar mais acolhedor do país; essa cidade recebe gente de todo canto, e ao mesmo tempo, nega colo aos seus filhos, essa cidade oferece luxo, mas oferece muito lixo.

São Paulo de Adoniram à Nasi, de Mano Brown à Toquinho. São Paulo de João e Maria, de Silva e Santos, de cobertura e favela.

Eu poderia simplesmente dizer "PARABÉNS" mas não seria tão justo com seu povo, povo este que não tem muito o que comemorar em metrôs lotados, ônibus entupidos, trens velhos e impostos cada vez mais caros.

Povo que trabalha faça garoa ou faça sol, e recebe sua esmola mínima por mês; São Paulo onde você é, ainda, julgado pelo que veste, pensa, come e bebe.

São Paulo que não é plural, é singular, é individualista, é egoísta.
São Paulo da madame que finge não ver a mão pequena esticada do menininho sentado na guia; São Paulo do empresário que fecha o vidro do seu carro quando pára no farol vermelho. São Paulo de mim, de você, de nós que, poderíamos fazer muito mais por São Paulo.

São Paulo da novela das 8, dos reality shows nos tubos da maioria das casas, São Paulo de futebol às quartas, feijoadas de sábado, rodas de samba de domingo e funk nas periferias de segunda à segunda.

São Paulo que não é são, é ébrio. Que não é tão Paulo, está mais para Pedro.

Alagamentos, violência visual, social e cultural, dor, sangue, tiros, desemprego, fome, enfermidade, saudade, solitude, nostalgia (...)

De Berrini à Cidade Tiradentes; de Tatuapé à Jaçanã; de Heliópolis à Higienópolis; de Móoca à Brás; de Sé à Paulista; de São Bento à Luz; de Liberdade à Ipiranga.

Mais que nomes, ceps, sedes, cifras, sobrenomes e números. São Paulo é esse emaranhado de sonhos, misto de concreto com céu azul, de dor e amor, de vontade e verdade.

Temos Masp, temos museu do Ipiranga, temos Viaduto do Chá, temos Largo da Concórdia.. temos cracolândia, temos feirinha do rolo.

E apesar de tantas desavenças ainda temos amor,
Vai entender esse amor, é coisa de mulher de malandro, vive apanhando mas não vive sem.

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