11/12/2012

Sei lá

As pessoas adoram filosofar em redes sociais, vestem a camisa polo, com gola e botões bem costurados, leem livros para gente culta, falam palavras pouco utilizadas, daquelas que precisamos procurar seu significado no dicionário, bebem vinhos de 30 anos pra cima, entendem de religiosidade, ateísmo, cubismo e encenam pouco ou muito sentimentalismo quando lhes convém, defendem o uso da bicicleta para
 evitar a poluição da cidade, alguns são vegetarianos, outros comunistas, alguns capitalistas de erguer bandeira, outros são românticos, alguns não negam querer só sexo, uns têm coragem, outros fingem serem fracos, alguns querem colo, outros boceta, alguns desejam carinho, outros silêncio, há os que preferem música, os que preferem internet, os dos bons (ou não) livros, os do futebol de domingo, há os de 15 anos e os de 49, há os altos, baixos, gordos, magros, sensíveis, inseguros, misticos, agnósticos, artistas, babacas, há os atores, os palhaços, os atletas e os carcereiros'; nestes tantos tipos, estilos e desejos, no fim das contas todos são tão de menos, diferentes para no fim serem tão iguais, cheios de conteúdo para no fim serem tão ocos, vazios, rasos, opacos e vagos. São pedaços, partículas de frustração, estória, frações de segundo com mais significado que anos inteiros, passeios de minutos mais satisfatórios do que viagens de meses, dias de boemia, perdição, promiscuidade mais saborosos do que uma vida inteira. E eu aos meus versículos de 24 anos, não sei porra nenhuma da vida, literalmente e não, temo o futuro, o presente e o passado, escorro entre as palavras dessas estrofes de cada contato que me surge, desabo nos rios das lágrimas derramadas, às vezes sem motivo; eu não sei de nada, mas cada dia tem ficado mais difícil viver de verdade, são tantos obstáculos, padrões, limites, espetáculos, desvios, instintos - e se desabafo, sou pessimista, estou triste - caralho, porque tenho que ter um sorriso de idiota na cara o tempo todo? sabe, no fim das contas sou como todos os outros, ocos, vazios, rasos, opacos e vagos.. vagando pra sei lá onde, com sei lá quem, e vinda de sabe se lá onde. Foda-se, ninguém se importa mesmo, e eu, tenho deixado de me importar, no fim é o fim, igual para todo mundo, pra mim e pra você (...)

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